Pá-pá-pá.
Bateram no vidro.
.
Rafael
nem olhou para o lado. Estava prestes a entrar em sua garagem.
.
A
impressão de superioridade que queria causar era mais do que
evidente. E não era de agora. Foi sempre assim, seja no jeito de se
vestir, de falar, de trabalhar, de espancar um mendigo até a morte,
mesmo que tenha sido apenas uma vez, e somente um momento divertido
da adolescência, ou até mesmo na maneira de ignorar seguidos golpes
na janela do seu carro.
.
Pá-pá... PÁ.
.
Quando ele
ameaçou inclinar a cabeça para checar a situação, uma mão armada
e estranha invadiu o carro, rompendo o vidro e acertando-lhe na
têmpora, manchando de sangue o banco de couro da sua BMW. Sem tempo
de reagir, acordou dentro de casa. Amarrado. O rosto estava coberto
por um véu líquido e vermelho. Conseguia distinguir dois vultos
enacapuzados estuprando sua mulher. E não era um simples estupro,
era violento, eles penetravam todos os buracos possíveis de sua
esposa, com qualquer objeto que estivesse ao alcance.
.
Sangue
espirrando na parede e no rosto de Rafael.
.
Ele
não conseguia acreditar que uma simples corda, no momento, era
superior a ele. Tentou se desamarrar várias vezes, em vão. O
terrível ménage
não parava e não parecia ter hora para acabar. Ela, amordaçada,
tinhas seus urros abafados. Rafael já não tinha mais esperanças.
Parou de lutar. Ao mesmo tempo, os maníacos pararam com a orgia. Sem
enrolar muito, passaram uma navalha no pescoço da vítima e a
deixaram de lado, em uma poça vermelha, como uma criança que cansa
de brincar com seu carrinho de controle remoto e vai assistir TV.
.
Entreolharam-se
e partiram para o lado de Rafael.
.
Ele, agora compreendendo a
real insignificância do ser humano, percebeu que o nada sempre
vencerá o tudo.
2 comentários:
O_o
Tenso, hein...
Ser (rídiculo) humano.
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